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Balaão era midianita,isto é, descendente de um povo gerado pelo casamento de Abraão com Keturá(Gênesis 25.1). Midian se tornou uma nação conhecida que vivia no nordeste do Golfo de Áqaba, na Península de Arábica. Atualmente a região equivale ao sul da Jordânia.
Por causa dessa origem abraâmica, apesar de serem povos afastados, se identificavam constantemente com o D'us de Israel nos textos bíblicos.
Ao matar um egípcio, Moisés, fugiu para o deserto de Midian (no mapa, na região do Golfo de Áqaba, Êxodo 2.15) atravessando todo o deserto da Península do Sinai numa rota comercial de distância média de 400 quilômetros (uma média do Rio de Janeiro a São Paulo à pé, pois certamente o percurso não foi em linha reta) para se refugiar com Jetro e se casar com Zípora. Seu filho Gérson era midianita, e lembrança de sua peregrinação, Êxodo 2.22.
As rotas pela Península do Sinai já eram então conhecidas por Moisés ao conduzir o povo pelo deserto. (Êxodo 3.1)
Os territórios de Midian ficavam também ao sul de Edom, e em Números 22.14 Moisés parou com o povo em Kadesh (ver final de linha vermelha no mapa acima), onde Miriã morreu (Nm 20.1). De lá enviou mensagens para o rei de Edom, (provavelmente rei Hadar, de uma das tribos de Esaú, Gênesis 36.39-40), pedindo passagem pelo seu território para ir em direção à Canaã. (Números 20.14). Com a recusa do rei edomita, Moisés contornou as suas terras por causa da ordem de D'us em não batalhar contra Edom (Deuteronômio 2.4-5).
A comunidade israelita foi então para a Montanha de Hor (Montanha da Montanha, área ao sul do Mar Morto, nos limites de Edom), onde morreu Araão, Nm 20.27-28.
Continuaram então marginando o território de Edom até Ovot (Nm 21.10), também ao sul do Mar Morto. Acamparam em terras de rotas de viajantes na fronteira oriental de Moabe (Nm 21.11). Continuaram até o riacho de Zered, Wadi el-Hesa, que deságua no Mar Morto. Este contorna a fronteira sul de Moabe (linha azul entre Moabe e Edom no mapa abaixo):
Continuaram viagem até o Rio Arnom (Nm 21.13), que é fronteira entre Moabe e Emor.
Livro das Guerras de D'us:
"Como um limite extremo Eu dei a ti as correntes de Arnon, assim como as correntezas dos vales que abraçam os limites de Moabe, desviando-se na fortaleza assentada." Nm 21.14-15
Passaram por cidades como Mataná, Nachaliel, Bamot e Hagai, sendo este um campo moabita em cima de um penhasco.
Do norte de Moabe enviaram mensagem a Sichon (ou Seom), rei dos emoritas,(povo de Gênesis 10.16 e 14.7,no mapa acima fica na região da tribo de Ruben) pedindo passagem. De acordo com uma antiga tradição, Sichon e Og eram irmãos ou amigos gigantes, sendo que Og era maior. Este é descrito como sobrevivente dos refains, uma raça gigante (Josué 12.4 e 13.12), cuja cama era de 4 metros de comprimento (Deuteronômio 3.11).
O território dos amoritas no mapa abaixo ("Amorites" acima de Arnom, próximo o Monte Nebo):
Em resposta, o gigante Sichon enfrentou os israelitas no deserto. Com a vitória de Israel, o povo ocupou a terra dos emoritas desde Arnom até o rio Jaboque (Nm 21.24, ver mapa acima), mas não conseguiu invadir as fronteiras dos amonitas, ao norte, porque eram fortificadas.
Além de gigante temível, o rei Sichon ganhou fama por ter derrotado os moabitas em tempos passados e de ter tomado as suas terras até o riacho de Arnom. Essa guerra foi tão grandiosa que ganhou um cântico na Torah ( Números 21.26-30) e passou a ser referência em escolas de guerra.
A derrota de Moabe em Hesbon, capital emorita, também é citada em Jeremias 48.45.
Segundo a tradição, Balaão conseguiu fama quando ajudou Sichon a vencer Moabe com orientações espirituais.
O medo se espalhou entre os moabitas após Israel ter vencido o gigante Sichon (se assentado no território emorita, Nm.21.310) e o gigante Og, rei de Bhasã ao norte de Emor.
Quando os israelitas atravessaram o rio Jordão, em frente a Jericó (ver mapa acima), no lado ocidental de Moabe, Balak, rei dos moabitas se desesperou a começou a armar estratégias mais do que espirituais para derrubar os hebreus. Até então, Israel em seu avanço pelas terras cananitas nem tinha guerreado ou ameaçado eles!
Se sentindo incapaz de guerrear contra o exército de Israel, o rei Balak convocou os anciãos de Midian, famosos por suas atividades de magia no mundo oculto. Midian e Moabe eram inimigos hereditários, mas se uniram para lutar contra os hebreus. Interessante que os midianitas também não tinham sido importunados por Israel, talvez por causa do parentesco de Moisés com Jetro.
Pela relação dos dois, os midianitas conheciam a força espiritual de Israel vinda do D'us Único. Assim, entende-se a consciência de Balaão sobre as ações vitoriosas do povo baseadas não somente na força de seu exército, mas também em uma fé muito bem estruturada e organizada em uma Lei escrita com um ponto único de adoração, o Tabernáculo.
BALAÃO
Em hebraico Bil'lam. Era uma grande autoridade de Midian, talvez um príncipe. Foi um adivinho que no final das contas foi morto pelos filhos de Israel (Josué 13.22). Por algumas correntes da tradição judaica, os poetas de Números 21.27, eram Balaão e seu pai Beor, que com suas palavras e bençãos, fizeram Sichon (Seom) vencer a guerra contra Moabe.
Balaão, filho de Beor, da cidade de Petor, na Mesopotâmia (Deuteronômio 23.4), próximo ao rio Eufrates, viajou em sua jumenta de lá até as margens do rio Arnon, limite norte de uma cidade de Moabe (Nm 22.36).
Balaão foi citado em alguns comentários judaicos como um profeta habilidoso, comparado até com Moisés. Ele tinha introspecções místicas, o texto hebraico fala que ele praticava meditações (Nm 24.4) tendo assim visões do D'us El Shadai (Nm 24.4).
Ele transmigrava, e assim conseguiu contemplar a beleza das Tendas de Jacó e as moradas de Israel em tempos futuros, já com o seu reino estabelecido na Terra Prometida (Nm 24.7). Conseguiu ver a Santidade do povo em não se misturar ("Ela é uma nação morando sozinha em paz, não se contando entre as outras nações." v. 9).
Conseguiu ver a estrela de Jacó preparando a vinda de Mashiach, mesmo sabendo que seria para tempos vindouros ( "Eu vejo, mas não agora; eu percebo, mas não num próximo futuro." v.17).
Seu erro mortal foi usar da sua percepção espiritual para estudar meios de derrubar os israelitas. Entendeu que a força de Israel estava em não se misturar com os outros povos, na sua fidelidade ao D'us Único.
Arquitetou que a derrota poderia ser sem guerra usando belas jovens moabitas e midianitas ( Nm 25. 2 e 6), levando os hebreus à idolatria (Nm 31.16).
A midianita morta com uma lança junto com um israelita em sua tenda, era Kazbi, filha de um príncipe midianita (Nm 27.18), provavelmente parente de Balaão.
Assim, após um período de santificação, Israel realizou um ataque surpresa contra Midian e os seus reis, matando a Balaão pela espada (Nm 31.7-8).
Bibliografia:
1.A Torá Viva - O Pentateuco e as Haftarot - Anotado por Rabino Aryeh Kaplan- Editora Maayanot;
2.Dicionário Português Hebraico e Hebraico Português - Abraham Hatzamri e Shoshana More-Hatzamri - ed. Sêfer
3.Dicionário Hebraico-Português&;Aramaico-Português, Sinodal Vozes, 4ª edição, 1994.2.Dicionário Português Hebraico e Hebraico Português - Abraham Hatzamri e Shoshana More-Hatzamri - ed. Sêfer
4. Parashá Balak, Parashá Pinchás.
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