Alguns sábios judeus tinham a habilidade de responder uma pergunta com outra pergunta para induzir à reflexão. Assim antes de responder à pergunta título, vamos perguntar:
"Por que na Torah existe a ordem para o povo comer carne de ruminantes?"( Levíticos 11.3)
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Os ruminantes se alimentam basicamente de vegetais (folhagem), portanto são considerados herbívoros (consumidores de primeira ordem).
O aparelho digestivo de ruminantes foi fabricado basicamente com quatro compartimentos:
Rúmen ("paunch" ou "heres")
Retículo ("reticulum" ou "bet ha kosot")
Omaso ( "omasum" ou "hemses")
Abomaso
O funcionamento deles é subdividido em duas etapas.
Na primeira etapa o alimento é mastigado e enviado para o rúmen e o retículo. Na segunda, o bolo alimentar regurgitado retorna à boca através de contrações, sendo novamente mastigado e posteriormente deglutido em direção ao omaso e abomaso.
Haja paciência e tempo para consumir esse capim!
Esse tipo de digestão confere um maior aproveitamento energético dos alimentos aos ruminantes.
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Temos exemplos de outros mamíferos ruminantes: carneiros, bovinos e girafa.
No Talmud, aprendemos que o tempo que o ser humano leva para consumir cada refeição pode influenciar e prolongar os seus anos de vida. Resumindo:
Comer lentamente é mais saudável.
Alguns interpretam que se deve prolongar a refeição intercalando-a com palavras da Torah. O hábito de fazer as refeições em grupo também evita a vergonha de consumir o alimento de forma rápida e voraz. Enfim, não se deve sair precipitadamente de mesa após engolir o alimento. Devemos corrigir o que as pessoas habitualmente fazem, ou seja, nem sentam na mesa para realizar a maioria de suas refeições (um grande erro contra a vida espiritual e consequentemente contra a própria saúde).
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Quando come-se carne de ruminantes com cascos genuínos (o casco resguarda os pés das impurezas da terra), como ordena-se na Torah (Levíticos 11.3), coloca-se a própria Torah na mesa das refeições, que para os judeus é também um altar. Deveríamos demorar no consumo de nossos alimentos, assim como deveríamos demorar para estudar a Lei. Acrescentando algo sagrado à mesa, nos tornamos credores de uma vida mais duradoura e tranquila, como o tempo da refeição.
No ponto de vista de alma, os ruminantes possuem em sua alma o registro de refeições bem mastigadas, tranquilas e duradouras. Quando uma pessoa come ela não está somente digerindo elementos e propriedades físicas do alimento, "mas o aspecto de Divindade que ele contém e que sustenta a própria alma." (Ética do Sinai - Ensinamentos dos Sábios do Talmud de Irving M. Bunim)
O porco não é um ruminante, ele também não tem muitos critérios alimentares bem definidos. Come de forma voraz, e muitas das vezes fica feliz com restos. O porco não é um animal mau, é apenas um animal programado para comer assim. Não podemos comer porco, assim como não podemos comer cachorros, gatos e leões.
E algumas crianças perguntam que se não podemos consumir animais não casher (proibidos), então por que existem. A resposta é muito simples. Esses animais existem para que não deixemos as nossas más inclinações agirem como esses animais: comendo rápido e sem critérios de limpeza e de seleção! Olha que lindo! A preocupação do Eterno em criar bichinhos tão simpáticos, mas também tão barulhentos e escandalosos como os porcos, que chamam a atenção para o que não devemos fazer com as nossas refeições: comê-las de forma rápida e sem criteriosa inspeção!
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Outro exemplo é sobre a proibição de comermos animais que consomem outros animais. Os carnívoros são vorazes, comem sangue, e ás vezes de animais ainda vivos! Eles tem em sua existência a alma violenta e agressiva. Não são animais maus, mas belos exemplos também de comportamentos que não devemos repetir.
Antes que me perguntem, cavalos não são ruminantes!
Para reflexão:
"Rabi Shimon diz: Se três homens comeram à mesa e não falaram nela da Torah, é como se tivessem comido de sacrifícios aos mortos, pois foi dito: "Porque todas as mesas (deles) estão cheias de vômitos e imundícias" e sem o Onipresente (D'us). (Isaías 28.8). Mas se três comeram à mesa e falaram da Torah, é como se tivessem comido à mesa do Onipresente (D'us), pois foi dito: "E me disse: Esta é a mesa que está perante o Eterno." (Ezequiel 41.22)
(Ética do Sinai - Ensinamentos dos Sábios do Talmud de Irving M. Bunim _ Editora e Livraria Sêfer, 3ª edição - pg.139)
Bibliografia:
1. Digestão dos Ruminantes (e imagem): http://brasilescola.uol.com.br/biologia/digestao-dos-ruminantes.htm
2. Ética do Sinai - Ensinamentos dos Sábios do Talmud de Irving M. Bunim - Editora e Livraria Sêfer, 3ª edição - pg.139)